Em mais uma ação da Câmara Municipal de Passos em defesa da Casmil, os vereadores realizaram Audiência Pública com os interventores da empresa, durante reunião ordinária da noite de segunda-feira (5 de novembro). O prefeito Ataíde Vilela também atendeu a convite da Casa, defendendo a importância da união de todos os segmentos em torno da Cooperativa, que vive dias de dificuldades desde a realização da Operação Ouro Branco.
Logo depois da interdição do setor de recepção da Casmil, há duas semanas, a Câmara já havia se articulado rapidamente, aprovando um ofício assinado em conjunto por todos os vereadores, pedindo agilidade da Justiça em uma solução para o caso. Durante aquela semana inteira, boa parte dos vereadores esteve também mobilizada em reuniões externas, sempre com o objetivo maior da preservação de uma instituição de quase 60 anos, em torno da qual giram os interesses econômicos dos pecuaristas de leite de toda uma região.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Nivaldo Chaparral, articulou a realização da Audiência em caráter de urgência na mesma noite em que a Casa já havia criado uma Comissão Especial, encarregada de dar suporte em ações que visam resgatar a credibilidade da empresa. Compareceu para a Audiência no plenarinho a comissão de interventores formada por Leonardo Medeiros, Sérgio Paim Beraldo e Renato Rezende. O debate durou quase duas horas.
O cooperado Leonardo Medeiros, ao falar em nome do grupo, disse que para a Casmil o caso “abalou, de forma profunda”, propondo-se a falar aos vereadores em uma agenda positiva. Segundo ele, em um primeiro momento os interventores estão buscando mobilizar a classe política, Igreja, a mídia e vários outros segmentos, objetivando a recuperação da imagem da instituição. Leonardo afirmou que a plataforma já conseguiu retomar a recepção em mais de 50% da produção, mas não citou números. Ele garantiu que a Casmil vai pagar em dia todos os fornecedores que estão enviando leite para a sua recepção.
O vereador dr. José Roberto Bernardes quis saber sobre a situação financeira. Leonardo disse que esses números devem ser repassados aos cooperados, em assembléia que será realizada nas próximas duas semanas, e garantiu que o grupo já está enxugando gastos, que postos de recepção já foram fechados em três cidades e que se for preciso haverá demissões de funcionários.
O vereador Alexandre de Almeida mostrou-se otimista com a recuperação da Cooperativa. Para ele, a comissão interventora tem sido corajosa ao adotar medidas com rapidez. O vereador disse ser favorável à fiscalização. Para Leonardo, foi exatamente a ausência de fiscalização sobre o leite, de quem deveria fazê-lo, que criou toda a situação, frisando que por conta disso a Casmil paga agora um alto preço.
Na opinião do vereador Renato Andrade, ao manifestar apoio irrestrito ao grupo de interventores, o momento é doloroso para recuperar a credibilidade, mas mostrou também confiança de que a maior empresa genuinamente passense poderá ser recuperada. O vereador Marcos Salutti disse ter ficado satisfeito ao saber que a Casmil já recuperou metade do mercado, defendendo a idéia de que será preciso agora uma auditoria. Em resposta, Leonardo Medeiros afirmou que uma auditoria não se faz de um dia para o outro e que entende que esse trabalho deve ser de responsabilidade de uma nova diretoria, a ser eleita em assembléia.
Por sua vez, o vereador Sebastião Bacada defendeu a elaboração de um documento a ser enviado ao Ministério da Agricultura, pedindo reparos à imagem da Casmil e da Cooperavale, que segundo ele funcionaram como “bode expiatório”. O vereador Hilton Silva quer um trabalho abrangente com todas as lideranças políticas da região, pelo qual se busque resgatar o nome da Cooperativa. Segundo Leonardo, o tempo tem sido escasso, reclamando que reconquistar o mercado tem sido difícil enquanto não se abaixa a poeira na mídia, mas que medidas nesse sentido têm sido tomadas, uma delas tem sido a de visitar os pontos de venda. Leonardo aproveitou o contexto para dizer que acredita que o episódio deverá levar a Casmil a investir no aumento da produção na indústria.
De acordo com ele, a adulteração denunciada envolvia carretas que faziam o transporte para fora, utilizando-se apenas o soro. Garantiu que o leite consumido em Passos e região nunca teve problemas. Ele fez questão de destacar nesse sentido que testes do Procon estadual não encontraram nenhuma alteração nos produtos da Casmil. Na fala do vereador Renatinho Ourives, a recuperação de 50% do mercado representa a força da instituição, comprometendo-se como presidente da Associação Comercial e Industrial (Acip) a repassar comunicado a todos o associados, solicitando a retomada da venda dos produtos Casmil.
O pronunciamento do vereador Valdemar Ribeiro também foi em tom de otimismo pela recuperação da crise na empresa. O vereador dr. Cláudio Félix disse que o caso macula a imagem, mas ressalvou que a comissão interventora está no caminho certo. Cláudio Félix parabenizou o prefeito Ataíde Vilela pelos esforços em defesa da Cooperativa, afirmando que o chefe do Executivo foi o primeiro a colocar “a cara a tapa”.
O vereador José Antonio Freitas (Tuco) defendeu a ação política para “quebrar barreiras”, sugerindo a mobilização de entidades como Ameg e Amog. Para ele, a Casmil errou ao buscar o que chamou de “crescimento exagerado”, mas pode se recuperar. “A parede caiu”, definiu Leonardo, para quem o desafio agora é retomar a construção de ”tijolo em tijolo”. Ele destacou o compromisso dos interventores com a qualidade do leite, acentuando que a Cooperativa tem o desafio de buscar “contratos firmes” com novos compradores.
Para o prefeito Ataíde Vilela, não restam dúvidas de que o leite e produtos Casmil podem ser consumidos com segurança, porque passaram a ser os mais fiscalizados do País. Ataíde disse que a Casmil foi duplamente castigada como “bode expiatório” e que está disposto a visitar pessoalmente todos os compradores de leite, para contribuir com o restabelecimento de seus negócios. O prefeito aproveitou para elogiar o clima de “maturidade” vivido no município com o somatório de forças, uma vez segundo ele que oposição e situação estão unidas em defesa da Cooperativa.