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Câmara levanta propostas para a Fesp

30 de Agosto de 2005

      Conflitos internos na relação da instituição com os alunos; a necessidade de buscar novos caminhos diante da novela que se arrasta na encampação pelo governo do Estado; o entendimento como saída para a crise criada na direção do conselho curador. Questões como essas foram levantadas na Audiência Pública realizada pela Câmara Municipal de Passos na noite de sexta-feira (26 de agosto), que convocou o debate exatamente para discutir o conflito criado com a possibilidade de mudança na presidência do conselho da Fundação de Ensino Superior de Passos.
      A Audiência reuniu um conselheiro e um professor da Fesp, representantes dos alunos, dois secretários municipais e a maioria dos vereadores. Superada a crise no final de semana, com o atual presidente do conselho curador sendo mantido no cargo, uma das sugestões levantadas no debate foi a criação de um conselho comunitário, para sugerir mudanças no estatuto da instituição e propor novos caminhos para o seu futuro.
      O novo integrante do conselho curador, Frank Lemos Freire, disse que a decisão de manter o professor Fábio Kallas na presidência nasceu de um entendimento, que visou preservar a Fundação. Frank disse que há um sentimento de união no conselho ressalvando, no entanto, ter solicitado que fosse constado em ata propostas que segundo ele foram acatadas. A primeira, narrou , prevê a reforma do estatuto com a adoção de direito a voto ao aluno.
      O conselheiro quer também a deflagração de uma luta pela federalização da entidade, bem como a realização de reuniões quinzenais do conselho e um debate amplo sobre o projeto de transformação em centro universitário, com a participação da comunidade estudantil. Ainda segundo ele, cursos deficitários poderão ser fechados.
      O estudante David Reginaldo Ribeiro Trautwein, representante da UNE, defendeu maior transparência na Fesp e disse que  ingerências políticas no conselho, que detonaram a crise, não representariam novidade porque aconteceram outras vezes. O aluno chamou de retrocesso a possibilidade de transformação em centro universitário, afirmou que os valores das mensalidades hoje impedem muitos de estudar na Fundação e em tom de desabafo disse que a entidade transformou-se em "um cabide de emprego". Para ele, há "autoritarismo" dentro da instituição, criticando ainda a possibilidade de cursos serem fechados. "Universidade não é comércio, Educação não pode ser mercantilizada", destacou.
      Para o chefe de Gabinete do prefeito Ataíde Vilela, Breno Lemos Maia, "o bom senso prevaleceu", reafirmando segundo ele o compromisso da administração com a Fesp. O secretário municipal de Planejamento, Luis Carlos Lima Reis, defendeu a ampliação das parcerias com a entidade .
      Por sua vez, o professor Antonio Theodoro Grilo defendeu a necessidade da entidade revisar vários pontos, alertando que o fechamento de cursos na Faculdade de Filosofia vai acarretar a falta de professores na cidade e na região. Grilo lembrou que a Fafipa foi a precursora do ensino universitário na cidade e sempre sobreviveu às crises, não podendo ser  penalizada por planilhas de mensalidades, que não levam em conta a estrutura que a Escola oferece pronta para outros cursos. "Daqui a pouco não teremos mais professores".
      Na visão do professor Grilo, a discussão sobre centro universitário deve esclarecer a comunidade, que segundo ele ainda não conhece realmente o que vem a ser essa transformação. O professor afirma que a criação do centro não exclui a figura jurídica de fundação e que a mudança não é retrocesso, observando que outras cidades que já criaram seus centros estão colhendo bons resultados. "Tem que ser discutido amplamente", afirmou.
      O professor Grilo criticou também o que chamou de "evasão da massa crítica", afirmando que a Fesp vem praticando uma política equivocada de trazer professores de fora, em prejuízo de docentes da cidade. "Essa política vem sendo praticada, quem abre cursos coloca quem quer", denunciou. Segundo ele, desde que haja a mesma qualificação a Fesp deveria priorizar o corpo docente local.
      O presidente da Câmara Municipal, vereador dr. José Roberto Bernardes, sugeriu a criação de um conselho comunitário, reunindo os diversos segmentos, para debater os assuntos de interesse da Fundação, como, por exemplo, a questão do estatuto. Para o vereador Waldemar Ribeiro, a crise teve o lado positivo de não acarretar perdedores. "A cidade inteira se mostrou ao lado a Fesp". 
      O vereador Hilton Silva elogiou o conselheiro Frank Freire e disse ver como importante a criação do conselho. O vereador José Antonio Freitas Campos, o Tuco, elogiou a mobilização dos alunos, acreditando também ser importante a criação do conselho. Participaram ainda da Audiência os vereadores Sebastião Bacada, Renato Andrade e Renatinho Ourives.


SDLP/jpe
049/2005
30/08/05

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